segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Grandes Toureiros (1) : Francisco Montes "Paquiro"


Costilhares tinha sido o grande inovador. Seus quites de capote e sua forma de matar à Volapié, tinham decididamente contribuído para a popularização do Matador de Toiros e para a subalternização do Picador. Pepe Illo deu um novo sabor «sevilhano» à nova forma de tourear. Com Pedro Romero, que mantinha a forma de matar a receber, o toureiro sevilhano disputou uma competição que mobilizou todas as Praças de Espanha e foi esta disputa que enraizou ainda mais a paixão pelas corridas de toiros e pela figura do matador como protagonista do espectáculo. Em 1801, morre Pepe Illo e Romero resta por alguns anos sem competidor à sua altura. Retira-se então para Sevilha para dirigir a primeira Escola de Toureio.
Jerónimo José Cândido, tinha sido um dos toureiros que tinha alternado com o grande Pedro Romero e que se tinha retirado no ano de 1820. Mas como era assíduo frequentador de Chicliana de la Frontera, aí apreciou as qualidades de um jovem que com incrível à vontade e serenidade, enfrentava reses bravas. Levou-o para Sevilha e apresentou-o a Pedro Romero.
Este jovem, que na época deveria ter vinte e cinco anos, chamava-se Francisco Montes e viria a ser o legendário “ Paquiro “.
A partir deste carismático toureiro, tudo foi diferente. Desde logo pela forma como se apresentava, o traje de «luces» e o uso de «montera». Depois pela forma como lanceava a capote e também pelas «saltos de garrocha» com que intervalava as suas faenas.
“Paquiro”, não era um grande estoqueador, dizia-se que era pela sua deficiência visual, mas esta característica veio a contribuir ainda mais para o reforço da apreciação popular pela «lide do toureiro» e para a consolidação definitiva da faena do toureiro como essência da Corrida de Toiros.
A sua apresentação em Madrid em 1831,revela isso mesmo, pois apesar de não matar bem o público aclama-o e exige a sua presença em carteis seguintes, passando a ser o favorito do público.
Paquiro era fisicamente um potentado, com uma energia invulgar. Bastará referir que a 14 e 15 de Outubro 1832 em Saragoça toureia e mata em duas corridas de doze toiros, quando se apresenta sozinho no cartel. Foram vinte e quatro lides em dois dias seguidos.
Outra façanha inédita de Paquiro, que é reveladora da sua primazia como a grande figura daquela época foi o facto de em 1836, ele ter figurado em todos os cartéis de todas as corridas que se realizaram nesse ano na Praça de Madrid.
A apresentação de Paquiro nos Carteis das corridas era de tal forma disputada naquela época que chegou a cobrar quantias consideradas astronómicas e impossíveis de rentabilizar. Em 1840 cobrou 6.000 reais para matar cinco toiros e em 1842 bateu este recorde ao cobrar 4.000 reais para lidar apenas dois toiros.
A partir de 1845, as suas condições físicas já não lhe permitiam as façanhas que o tornaram mítico e retirou-se. Voltou mais tarde, cerca de cinco anos depois, pois seus negócios falharam e as suas economias desapareceram. Acabou por ser colhido gravemente e morrer vitima desses ferimentos no ano de 1851 com quarenta e seis anos de idade. Estes seus últimos dois anos de decadência nas praças, não impediram que para a História da Tauromaquia, Francisco Montes “Paquiro”, fique como aquele que tudo mudou e que a partir dele tudo foi diferente.

Sem comentários: