O Toiro Ibérico era, na Idade Média, o animal mais temido e respeitado. A caça ao Toiro a campo era, na época, uma actividade a que se dedicavam os fidalgos e considerada já uma honraria pela destreza, habilidade e grande coragem que exigia. Estas práticas de caçar toiros perdurou em Portugal até aos anos trinta do século XIX. O Rei D. Miguel era um grande adepto destas práticas.
O lancetamento de toiros em terreno fechado já era praticado, em particular nas grandes festas reais, antes da independência nacional. Foi esta prática que progressivamente se vulgarizou e evoluiu em toda a Península, dando origem às Corridas de Toiros.
Estas «lides» com toiros deram origem a muitos factos relevantes e foram mesmo consideradas, nos finais da Idade Média, como uma forma apropriada de treino das capacidades guerreiras dos jovens fidalgos. O Rei D. Duarte escreve o primeiro Tratado Equestre da era moderna onde define serem as boas práticas equestres e a preparação na lide dos toiros decisivas para a defesa da Pátria.
Derivam destas actividades progressos substanciais na Equitação Medieval e surge a Equitação à Gineta, que tem uma inspiração árabe, mas foi entre nós divulgada através de grandes mestres como Pinto Pacheco e Galvão de Andrade.
A selecção de cavalos mais adaptados a estas actividades tauromáquicas e com melhores características foi sendo procurada, também aqui utilizando património genético de proveniência árabe e berbere, que com uma sistemática procura de factores essenciais para as novas formas de utilização veio a dar origem às Raças Peninsulares e, por consequência, ao cavalo Lusitano.
O primeiro célebre cavaleiro que começou a usar rojão na lide de toiros em campo fechado, foi D. Duarte de Bragança, bisneto do Rei com o mesmo nome, nos anos trinta do século XVII.
A morte de toiros em campo fechado que na época já era imponente espectáculo, foi proibida em Portugal no reinado de D. José I, após a célebre Corrida de Salvaterra, onde morreu o Conde dos Arcos. Seu pai, que era um grande equitador, não montou a cavalo para matar o toiro e vingar a morte de seu filho. Como era costume na época matou o toiro a pé e usando uma espada.
Apesar da proibição decretada, as Corridas de Toiros não deixaram de se realizar.
D. Jaime, Duque de Cadaval, aparece nesta época como grande cavaleiro e matador de toiros e as suas actuações, matando toiros a pé na Junqueira ou nas touradas reais da Plaza Mayor de Madrid, ficaram memoráveis.
Em Lisboa construiu-se a Praça de Toiros de Salitre, a primeira a ser construída após o terramoto de 1755. Com as Invasões Francesas e a saída da Corte para o Brasil, houve um interregno das Corridas reais em Portugal, mas o povo já tinha adoptado a Festa e elas prosseguiam por todo o território nacional. Foi com D. Miguel que a Festa voltou a assumir novo impulso e uma outra dignidade. A construção da Praça do Campo de Santana por sua iniciativa, foi decisiva para consolidação desta tradição.
Sem comentários:
Enviar um comentário