quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O início do Toureio a pé - Maestranza e Praça de Ronda


Até 1700, não haveria grandes diferenças entre as Corridas de Toiros realizadas em Portugal ou em Espanha. Eles eram Festas aristocráticas onde os nobres enfrentavam os toiros a cavalo. Foram os portugueses os primeiros a usar o rojão e os espanhóis preferiam a competição com a Garrocha. Mas nesses espectáculos apareciam nobres de ambos os países e não se pode afirmar que havia uma diferença substantiva na forma como eram realizadas essas manifestações tauromáquicas.
A grande diferença começa com o início e consolidação do toureio apeado.
A sua origem tem a ver com a subida ao trono como Rei de Espanha de Filipe V o Duque de Anjou, o primeiro da dinastia de Bourbón. Este nascido e educado em Versailles, repudiava os espectáculos taurinos que considerava manifestações barbaras e cruéis. Por conveniência, por respeito ou por medo, a nobreza espanhola deixou de organizar e de participar nas Festas Tauromáquicas.
Mas o povo não se conformou e adoptou para si a Festa dos Toiros.
Em toda a Espanha, mas particularmente na Andaluzia se multiplicavam os espectáculos taurinos organizados pelos populares. Foi como que uma afirmação popular, reagindo à tentativa de introdução de hábitos e formas de estar e de viver que não eram os seus. Foi uma reacção popular generalizada de afirmação dos seus hábitos e costumes, que tem um elevado valor cultural e histórico.
Carlos III, filho de Filipe de Anjou, quis agradar ao povo e voltou a organizar as Corridas de Toiros. Nos Festejos da sua coroação em 1759 e nos do casamento de seu filho o Príncipe das Astúrias em 1765 são organizadas Corridas onde actuam os três grandes matadores da época, Costilhares, Pepe Illo e Pedro Romero. Os nobres tiveram de se resignar e agora a Festa Taurina era uma manifestação diferente, onde o grande protagonista era o Toureiro a pé e Matador de Toiros. O toureio a cavalo caiu assim em desuso e os nobres resignados, começaram também a chamar para os seus círculos de convivência os grandes toureiros.
Foi esta motivação adicional pela nova atitude do rei de Espanha para com a nova Festa de toiros, que originou a construção das duas Praças de Toiros mais emblemáticas e que passaram a representar dos sentimentos toureiros distintos e duas escolas diferentes de tourear. Construí-se a Real Maestranza de Sevilha no ano de 1761 e a Praça de Ronda no ano de 1784.
Os primeiros cartazes de toiros aparecem no ano de 1761 e anunciam precisamente Toiros na Maestranza de Sevilha. O cartaz mais antigo que se conserva é do ano de 1763.
Isto representa a consolidação da Corrida de Toiro, já não apenas como uma manifestação tradicional ou uma Festividade, mas como um espectáculo. Espectáculo que se enraizou de tal forma que passou a ser o mais importante e com mais adesão em toda a Espanha.
O drama e a emoção estiveram desde estes primeiros tempos presentes nestes espectáculos e a primeira morte em Praça aconteceu em Puerto de Santa Maria e vitimou um figura toureira importante de nome José Cândido.
Um outro factor de grande importância para a consolidação das Corridas de Toiros foi a criação das primeiras Escolas de Toureio, de que daremos posteriormente um relevo particular.

( a foto representa António Ordoñez, ainda no inicio da sua carreira, no final de uma das suas memoráveis faenas, na Praça de Ronda, sua terra natal )

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